Olhar o telefone, ansioso por um chamado, e ele permanecer mudo. Ouvir uma música e não ter ninguém com quem associá-la. Querer dormir muito, para não ter a consciência de que está só. Não ter ninguém com quem brindar um acontecimento. Sentir frio e não ter um braço para aquecê-lo.
Falar alto em casa, para ter a sensação de estar ouvindo algum ser humano. Ter apenas um prato na mesa, às refeições. Não ter alguém para lhe abotoar o vestido ou lhe ajeitar a gravata.
Sair de madrugada, tentando encontrar algum conhecido para poder desabafar. Perceber que não tem um ombro para chorar. Ler o jornal, durante as refeições, por não ter com quem conversar. Verificar que a correspondência se resume a contas e extratos bancários.
Nunca ter a quem dizer: "Bom dia!" ao acordar. Não ter quem lhe faça um chá, quando está indisposto. Não ter possibilidade de dividir o mesmo desodorante ou a mesma pasta de dentes. Não ter alguém que lhe impeça o suicídio.
E você? Quando se sente realmente só? O isolamento é diferente da solidão. É o momento que se escolhe para estar consigo mesmo, em paz e harmonia. É uma busca interior, um movimento voluntário, uma virtude desenvolvida.
A solidão começa quando nos trancamos para o amor.
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